Entrevista: Dico

Movimento Escalada - Fale um pouco sobre a sua história no Movimento: Como entrou no Movimento? Quando fez encontro? Fez o encontro de que paróquia? Já coordenou o Movimento? Quando? Quando se tornou Conselheiro?

Dico - Eu morava na Rua Internacional na Pituba, desde pequeno. Lá todos os jovens da minha turma tinham feito Escalada, inclusive meus melhores amigos. Em 1988, minha irmã foi convidada para fazer a 22ª Escalada e também tinha uma ficha para mim, só que eu não me interessei muito e acabei não fazendo. No ano seguinte, tentei muito conseguir uma ficha, mas desta vez, as coisas estavam difíceis; ela só apareceu por força de uma desistência na véspera da primeira reunião. Fiz a 24ª Escalada de SSA (Pituba), nos dias 22 a 24 de setembro de 1989 e o encontro se chamou “CIRANDA”. Eu tinha 16 anos. Desde então o meu engajamento foi total. Logo assumi a coordenação do meu grupo de pós (naquela época cada encontro gerava um grupo autônomo), participava de tudo e o Movimento passou a ser parte da minha vida. Em 1990, ano seguinte à minha entrada, o Movimento passou por sua maior crise e eu fui chamado a participar da retomada em 1991. Entrei no antigo grupo “Apoio”, atual “GC”, em 1991, mesmo sem ter trabalhado em encontros. Depois trabalhei na 27ª Escalada, na 2ª Missionária de Cruz, na 1ª Do Engenho Velho de Brotas, Coordenei a 29ª de Salvador e a 1ª Missionária de Itabuna e Coordenei o antigo “Grupo de Pós”, que se assemelharia hoje ao “Apoio Zonal” e tive um papel importante na estruturação e implantação do Projeto Escaladas Missionárias, tudo isto fazendo parte do “Apoio”. Assim a Coordenação Geral do Movimento acabou sendo uma consequência natural e ela chegou em 1995, ao lado de Junior (Jupira), quando eu tinha 21 anos. Em 1996 dividi a Coordenação com Nana (Liana). Alguns anos depois, quando criamos o Conselho ficou decidido que todos os coordenadores e ex-coordenadores do “GC” seriam considerados conselheiros. Depois me engajei bastante na Escalada Master e também participei da estruturação do Projeto Magnificat, onde permaneci alguns anos, mas tem muito mais...
MV - Qual a importância do Movimento Escalada em sua vida, depois de tantos anos de dedicação a ele?
Dico - Esta pergunta é a mais fácil e a mais difícil ao mesmo tempo. É fácil por que a reposta vem logo na cabeça, mas é difícil por que passa um filme e é muita emoção. Minha vida se fez aqui dentro. Recebi de meus pais o amor, o caráter e a educação, mas foi aqui que o menino virou homem, aqui formei minha família e meus amigos/irmãos estão quase todos nesta caminhada comigo. Disse outro dia, “não sei viver fora daqui”.
MV - Escolha um ou dois (no máximo) momentos marcantes na sua vida dentro do Escalada. Nos conte com detalhes esta experiência.
Dico - Difícil escolher apenas dois momentos marcantes numa história tão densa de quase 30 anos.
Mas vou pegar logo o primeiro. Eu já disse que morava na Rua Internacional na Pituba. Lá também morava um jovem, um pouco mais velho do que eu. Jogávamos bola juntos. Um dia um carro atropelou ele com gravidade. Ele não perdeu a alegria e jogava bola de muletas! Depois de um tempo, ele se mudou e eu nunca mais o vi. Outro tempo se passou e no dia 22 de setembro de 1989, reencontrei ele nas Boas Vindas do meu encontro: era Rogério Boon, coordenando o meu encontro. Aquela surpresa foi incrível. O meu encantamento pelo Movimento começou ali.

Outro momento que eu considero importante na minha trajetória e talvez a maior missão que eu tenha recebido, foi implantar e coordenar a Escalada em Itabuna. A Escalada Missionária de Itabuna foi a primeira que foi implantada com um planejamento. Enquanto em Cruz, o planejamento foi surgindo com as coisas já acontecendo, em Itabuna fizemos as coisas de forma mais estruturada, seguindo um roteiro que seria replicado em outras cidades que viriam depois. Tinha uma grande responsabilidade nas mãos e me doei por inteiro, chegando a viajar em 5 finais de semanas seguidos para Itabuna, cuidando dos preparativos. Foi uma experiência inesquecível para mim e de importância crucial para os destinos do Projeto Missionária.
MV - O que mudou da sua visão a respeito do Escalada de quando você era jovem pra hoje?
Dico - Poxa, não sou mais jovem? Quem decidiu isso???!!! Nunca parei para pensar no que mudou na minha visão. Na verdade, o que muda é a forma da gente atuar. Durante o longo tempo em que eu fiquei participando mais efetivamente das decisões, eu sonhava em construir um Movimento que me acolhesse, mesmo quando não fosse mais tão jovem! Isto aconteceu e continuo por aqui! Graças a Deus, continuo vendo o Movimento do mesmo jeito, como um instrumento valioso que nos leva ao Caminho, à Verdade e à Vida, ou seja, o Movimento Escalada é um instrumento que nos leva ao Cristo. Jesus é o princípio e o fim de tudo. Nosso trabalho sempre será propiciar esta experiência com Cristo a outros jovens.
MV - Quais são os desafios que você acha que o Escalada tem que conquistar no futuro? Quais os próximos passos a serem dados?
Dico - Os desafios são vários. O maior deles, porém, é muito claro: não podemos perder a essência, a identidade, o nosso carisma e temos que continuar falando ao coração dos jovens. Eu participei e liderei, ao lado de outras pessoas, o processo de expansão do Movimento a partir da Escalada em Salvador. Chegamos a várias cidades e a mais dois Estados. Em dado momento colocamos o pé no freio. Não adianta crescer sem maturidade. Então a resposta é muito simples: temos que continuar crescendo, aperfeiçoando os métodos e a comunicação, nos tornando ainda mais eficientes como instrumentos de evangelização, sem nunca deixarmos de “ser pessoa em clima de oração”.
MV - Escreva em uma frase, apenas uma frase, o que é o Escalada para você.
Dico - Muito difícil dizer tanta coisa em uma frase. Vou homenagear o nome do meu encontro...: “ O Movimento Escalada é uma Ciranda, onde, de mãos dadas com Cristo e com o irmão, vivemos a verdadeira comunhão”.
MV - Você já indicou o Escalada pra alguém? O que você falaria ou já falou pra convencer alguém a fazer um encontro do Escalada?
Dico - Como eu disse, a maioria dos meus amigos de infância fez o encontro antes de mim. Por outro lado, eu nunca fui de ficar forçando muito a barra para que outros amigos participassem. Eu sempre achava que a maior propaganda era o meu serviço, o meu engajamento, mas é claro que sempre que podia, eu incentivava. Hoje fico feliz porque todos os meus sobrinhos que tem idade já fizeram...
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