Entrevista: Maluqueta
Movimento Escalada - Fale um pouco sobre a sua história no Movimento: Como entrou no Movimento? Quando fez encontro? Fez o encontro de que paróquia? Já coordenou o Movimento? Quando? Quando se tornou Conselheiro?
Maluqueta - Eu era uma menina meio louquinha? Olhando para trás, acho que, “na real”, eu era diferente do padrão a que fui exposta na época da minha adolescência. Claro que algumas traquinagens rolavam e, “de boa”, eu andava com a galera do fundão da sala de aula, que na sua esmagadora maioria era de meninos. Saudades! Enfim, neste contexto uma colega, Robertinha, conseguiu uma tão dificílima ficha com Tia Ivonete, que foi minha professora de religião naquela escola. Acho que hoje não se tem noção como era difícil conseguir uma ficha naquela época. Eu tinha uma vaga ideia do que se tratava o encontro, pois conhecia apenas ela que o havia feito. Assim fiz a 17ª. Escalada, em 1987, Caminhão. Na época só tinha uma por ano e eu morava do lado da Pituba. Trabalhei em algumas, coordenei outras, fui do Apoio por muitos anos, coordenei o movimento em 1992, junto com minha amiga-irmã, Diana Vilas Boas, trabalhei em anuais como 15,20 e 25 anos do Movimento. Daí, fui morar no Rio por 4 anos e depois voltei com uma bebê e assim, me afastei fisicamente do Movimento, porém nunca me afastei no coração.
MV - Qual a importância do Movimento Escalada em sua vida, depois de tantos anos de dedicação a ele?
Maluqueta - O Encontro foi um choque para mim. Balançou, sacudiu, mexeu demais. A partir dali, saí outra Maluqueta. O movimento transformou-me em uma pessoa mais madura, mais consciente de Deus, do mundo e da minha missão, fiquei menos tímida (isso mesmo, eu era e ainda sou muito tímida), desenvolveu minha capacidade de liderança, enfim sou uma pessoa melhor hoje, em todos os sentidos, graças ao Escalada. E outra coisa imensurável que o Escalada me trouxe foi a quantidade e principalmente a qualidade dos amigos que tenho hoje. Sem modéstia, nossos amigos alpinistas são os melhores amigos do mundo. Amigos para sempre e de todas as horas.
MV - Escolha um ou dois (no máximo) momentos marcantes na sua vida dentro do Escalada. Nos conte com detalhes esta experiência.
Maluqueta - Foram muitos, mas o que surgem hoje em minha mente são:
1) Davi fazer o Escalada. Ver Davi, naquela época meu namorado, hoje meu esposo, fazer o encontro foi bom demais. Sabe aquele negócio que é bom e que você quer que quem você ama experimente? Muitas vezes não conseguimos esta façanha, mas ele topou. Experimentou e pudemos compartilhar essa alegria enorme de estarmos juntos fazendo parte do Movimento.
2) O Projeto Circular. As lembranças são muito gostosas. Fazíamos uma sopa e junto com o pão distribuíamos pela cidade. Eu dirigia uma Kombi e saíamos da Pituba à Baixa dos Sapateiros, conversando, abraçando, rezando, comprando remédios, enfim além de levar o alimento em si, esta era a forma de chegarmos neste Cristo próximo.
A preparação da sopa, na casa de Patty, Netão e Edmundo Filho, já era uma enorme alegria. Fazíamos a sopa pela manhã, saíamos à tarde e chegávamos à noite. Mas, não conseguimos manter o Projeto Circular por muito tempo e ficamos muito incomodados em não termos mais esse braço social no movimento.
Mas não ficamos parados muito tempo, logo depois (ano 2000), surgiu o projeto Cestas Básicas. Eu, Dico e Naira, que na época éramos do zonal Master começamos o projeto com 3 cestas, uma de cada um e o compromisso de trazer mais pessoas para o projeto.
Conseguimos mobilizar muita gente de dentro e de fora do movimento. Para beneficiarmos várias instituições e suas famílias resolvemos mudar a cada 3 meses, com isso conheceríamos mais ações e pessoas. Começamos pela Creche São José que o Escalada tinha aproximação.
Com a entrega dos alimentos aproveitamos para levar a palavra de Deus e fomos vendo como era gratificante tudo isso. Foi fantástico! E esse foi mais um recomeço do projeto de ação do Escalada, sempre tendo como horizonte a nossa Casa Magnificat. Hoje concretizada no Recanto da Transfiguração.
Essa necessidade de ter este braço de ação em minha vida cristã sempre foi muito forte.
" De que aproveitará, irmãos a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e alguém de vós lhes disser: “ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma."
(Tiago 2:14-17)
3) Participei de desafios, como a Escalada Master. Eu e Robertinho Mesquita coordenamos esta primeira escalada, para maiores de 18 anos. A expectativa do Movimento era grande. Mudanças não poderiam ter, mas havia o desafio de usarmos uma linguagem mais adequada e a preocupação com o pós escalada para essa turma. Enfim, tudo deu certo e hoje a Master é uma dádiva para nós.
MV - O que mudou da sua visão a respeito do Escalada de quando você era jovem pra hoje?
Maluqueta - O mundo e o jovem mudaram muito. Os desafios cristãos com as mudanças são muito grandes, mas nosso Deus é único e é amor, é caridade e, enquanto movimento, nossa essência não mudou.
Vejo nos jovens a mesma paixão, o amor pelo movimento, a vivência do carisma, e o desejo de mostrar este Deus amigo a mais e mais jovens.
O que mudou mesmo foi a dimensão do Movimento. Crescemos e estamos crescendo, e o cuidado e preocupação com que vem sendo tocado por todos, sejam GC, Conselheiros, Missionárias, etc, são de um amor, cuidado, atenção e compromisso impressionantes. E tudo isso é maravilhoso demais!
MV - Quais são os desafios que você acha que o Escalada tem que conquistar no futuro? Quais os próximos passos a serem dados?
Maluqueta - O desafio é manter o carisma com o crescimento, tocando esse jovem de hoje para o principal, Deus. Seguir evangelizando, sempre será o próximo passo. Se não ferir o nosso carisma, vamos em frente, se o mundo precisa de nós, vamos seguindo.
MV - Escreva em uma frase, apenas uma frase, o que é o Escalada para você.
Maluqueta - O Escalada é um movimento de amor, crescimento cristão e cidadão.
MV - Você já indicou o Escalada pra alguém? O que você falaria ou já falou pra convencer alguém a fazer um encontro do Escalada?
Maluqueta - Sempre indico o Escalada. Falo que para mim foi um diferencial, que é muito bom conhecermos e nos aproximarmos de um Cristo amigo. Além de fazermos novos amigos na fé (os meus são eternos.)