Momento Projeto de Oração - O Ano Nacional do Laicato, por Pe. Mané
A MASSA ESPERA O FERMENTO. A NOITE ANSEIA PELA LUZ.
A Igreja no Brasil está celebrando o “Ano do Laicato” e o tema escolhido para animar a mística foi: Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino. Quando a CNBB lançou a proposta fiquei muito feliz por enxergar uma excelente possibilidade de refletir com os irmãos e irmãs o seu lugar na Igreja e no mundo. E podemos dizer, sem medo de errar, que estamos falando de quase tudo. De fato, a presença e ação do leigo na Igreja, no interno da comunidade, abraça todas as realidades pastorais, só isenta daquelas próprias dos ministros ordenados. Da catequese à liturgia; das Obras de Misericórdia à administração e gestão, tudo pode ser feito com o leigo e pelo leigo. E é uma beleza perceber como esta presença e ação transformam as comunidades em celeiros de atividades e vida de fé, em animação pastoral e humana. Não se pode esquecer, no entanto, que toda a vida de comprometimento eclesial dos leigos tem outra desembocadura que não o interior da comunidade de fé. Se tudo para na Igreja é sinal que existe uma fraqueza na compreensão da identidade e missão do leigo. O laicato está na Igreja para o mundo. Só se pode compreender assim a compreensão do próprio Cristo quando convocou a todos a ser “sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13). Ele não queria cristãos ensimesmados. Não desejava seguidores olhando para si próprios. O Papa Francisco fala de “Igreja auto referenciada” na Encíclica Laudato Si, como modelo do que não devemos ser. Ao contrário, no alerta o Papa prefere que sejamos “Igreja ferida pelo caminho. E a massa da história espera o fermento bom do cristianismo para reacender a esperança em um mundo mais humano. Todos os dias as pessoas deparam-se com situações que ferem a humanidade, que entristecem o coração dos homens e mulheres e ameaçam a esperança, cada dia mais fragilizada. É esta realidade que espera pelo leigo. Um sinal de vida, um lampejo de esperança, uma lufada de vento bom para refrescar a aridez da existência. O leigo cristão não pode se fechar nas atividade comunitárias sem fazer uma ponte fundamental com a vida concreta, sem se inserir nas atividades mais variadas de promoção da vida. Arte, cultura, esportes, ciência, mobilização social e tudo mais que diga respeito ao humano de ver estar no horizonte do cristão, especialmente dos leigos e leigas. E a luz do mundo? Se ela for acesa na claridade não fará o novo acontecer. O claro ficará mais claro. Mas se ela for acesa no escuro, por menor que seja, fará uma grande diferença. Olhando em volta, onde está mais escuro? Onde as sombras da corrupção, da morte, da maldade e do inumano mais obscurecem a esperança? Esse deve ser o destino de quem, por conta da Luz, é luz. No Brasil, uma infinidade de espaços estão ocupados pelas trevas. Como cristãos, precisamos seguir o exemplo do “Verbo que se fez carne” (Jo 1,14) e habitar nas trevas para que elas conheçam a luz mesmo que não a aceitem. A palavra é coragem! Mas quem tem Cristo não tem medo. Quem tem Cristo olha o horizonte e avança com determinação, por mais difícil que seja. A hora da luz se anuncia, é agora. Pe. Manoel Filho, Movimento Escalada em Salvador, 22 de janeiro de 2018.